O local ideal para o inversor solar: manual de boas práticas para indústrias

A escolha do local de instalação de um inversor de energia solar em um ambiente industrial ou em uma usina fotovoltaica não é uma decisão trivial.

Diferente de instalações residenciais, estamos lidando com potências elevadas, condições ambientais muitas vezes adversas e a necessidade absoluta de continuidade operacional.

Vamos analisar tecnicamente os fatores que determinam a localização correta para esses equipamentos.

Onde instalar o inversor de energia solar?

O inversor deve ser instalado em um local que maximize a dissipação de calor, minimize a exposição a contaminantes e facilite o acesso para manutenção.

Em plantas industriais, priorizamos salas elétricas controladas (com ventilação forçada ou climatização) para proteger os componentes eletrônicos. Se a instalação for externa, ela deve ocorrer sob coberturas que evitem a incidência solar direta e a chuva, mesmo em equipamentos com alto grau de proteção (IP).

Tecnicamente, o local também deve ser o mais próximo possível do ponto de conexão em corrente alternada (seja o quadro geral ou o transformador) para reduzir custos de um inversor e perdas elétricas no cabeamento.

Por que o local de instalação afeta o desempenho?

Sua função primária é converter a corrente contínua (CC) gerada pelas placas solares em corrente alternada (CA) sincronizada com a rede (diferente de um inversor solar off-grid, que opera de forma isolada). Esse processo de conversão gera calor.

Todo inversor possui um sistema de gerenciamento térmico, que pode envolver dissipadores de calor passivos ou ventoinhas (coolers) para refrigeração forçada.

Se o inversor for instalado em um local com temperatura ambiente elevada ou sem circulação de ar adequada:

1. O sistema de refrigeração não conseguirá dissipar o calor interno.
2. Os componentes eletrônicos (como capacitores e semicondutores) atingirão temperaturas acima do limite operacional.
3. O inversor ativará sua autoproteção, reduzindo a potência de saída para evitar danos. Isso é conhecido como derating térmico.

Na prática, um inversor mal localizado pode não entregar toda a energia que o sistema fotovoltaico é capaz de gerar, simplesmente porque está superaquecendo.

Quais são os locais recomendados para usinas e indústrias?

Em ambientes comerciais de grande porte e industriais, evitamos locais improvisados. As soluções mais adotadas são:

• Salas técnicas ou elétricas: este é o cenário preferencial. Essas salas devem ser projetadas com ventilação forçada (exaustores e entradas de ar filtradas) ou, em casos de alta concentração de equipamentos ou ambientes agressivos, sistemas de climatização (ar condicionado). Isso mantém a temperatura e a umidade controladas e filtra contaminantes.
• Instalações externas (ao tempo): muitos inversores de string modernos possuem grau de proteção IP65 ou IP66, permitindo a instalação externa. Contudo, algumas regras devem ser seguidas:
  • Evitar incidência solar direta: mesmo protegido, o sol direto sobre a carcaça do inversor eleva sua temperatura interna. Recomendamos instalá-los sob uma cobertura simples ou na face da estrutura que recebe menos sol (geralmente face sul).
  • Proteção superior: o equipamento deve ter uma cobertura para evitar o acúmulo de detritos ou água sobre as vedações superiores.
• Proximidade do ponto de conexão: para reduzir perdas e custos com cabeamento, o inversor deve ficar o mais próximo possível do quadro de distribuição (QGBT) ou do transformador ao qual ele se conecta. Cabos longos em corrente alternada (CA) geram quedas de tensão e perdas de energia por efeito Joule.

Que fatores ambientais precisam ser analisados?

A indústria apresenta desafios que não existem em outros ambientes.

• Temperatura operacional: sempre consulte o manual do fabricante. Um inversor pode ter uma faixa de operação de -25°C a 60°C, mas o derating (redução de potência) pode começar acima de 45°C. A temperatura ambiente do local escolhido não deve exceder essa marca.
• Poeira e contaminantes: este é um ponto crítico em indústrias (cimento, têxtil, agronegócio). Partículas suspensas podem obstruir dissipadores de calor e travar as ventoinhas. Se o ambiente for muito contaminado, a instalação deve ocorrer em uma sala pressurizada e filtrada.
• Umidade e corrosão: áreas com vapor, alta umidade ou névoa salina (proximidade do mar) exigem inversores com classificação de proteção específica contra corrosão (ex: C4 ou C5). A umidade interna é fatal para os circuitos eletrônicos.

Como o acesso impacta a manutenção?

Como equipe de manutenção da Ozora Soluções, este é um dos pontos que mais observamos. Um inversor inacessível gera custos operacionais elevados.

• Acesso físico: o inversor não pode ser instalado em alturas excessivas ou confinado atrás de outras máquinas. Nossas equipes precisam de espaço (conforme definido em manual) nas laterais, acima e abaixo do equipamento para realizar medições, inspeções termográficas e eventuais substituições de componentes (como placas ou ventoinhas).
• Acesso às proteções: o operador da planta deve ser capaz de acessar rapidamente a chave seccionadora CC e o disjuntor CA em caso de emergência.
• Conectividade: o monitoramento é vital. O local escolhido deve ter um sinal Wi-Fi estável, um ponto de rede cabeada (Ethernet) ou cobertura de telefonia (4G) para que o datalogger do inversor possa comunicar os dados de geração. Sem dados, o diagnóstico remoto de falhas se torna impossível.

Quais locais devem ser evitados ao instalar um Inversor Solar?

Para garantir a integridade do ativo, nunca instale o inversor nos seguintes locais:

1. Áreas confinadas: salas pequenas, armários ou depósitos sem ventilação ativa. O calor irá se acumular rapidamente.
2. Áreas classificadas: locais com risco de explosão (presença de gases ou poeiras inflamáveis). O inversor é uma fonte de ignição.
3. Locais com vibração excessiva: evite montar o inversor em paredes que sofrem vibração de máquinas pesadas (como prensas ou grandes motores). A vibração constante pode soltar conexões internas e danificar soldas nos circuitos.
4. Próximo a fontes de água ou jatos de lavagem: mesmo com proteção IP, jatos de alta pressão (lavagem industrial) podem comprometer as vedações do equipamento.

Em conclusão, a seleção do local do inversor é uma etapa de engenharia que impacta diretamente a geração de energia e o custo de manutenção (OPEX) da sua usina fotovoltaica.

Seguir as diretrizes do fabricante e analisar friamente as condições ambientais da sua indústria protege o investimento e garante a longevidade do sistema.

Aqui na Ozora Soluções, estamos preparados para auxiliar sua empresa não apenas no reparo de inversor solar, mas também no diagnóstico de problemas de desempenho que, muitas vezes, começam com uma escolha inadequada do local de instalação.